Pipa, Sopa e a privacidade na Internet | Notícias | TechTudo

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Techtudo
Data
Jul 27, 2012
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No começo do ano, a lei Sopa (Stop Online Piracy Act) foi derrotada no congresso dos Estados Unidos, depois de protestos da Wikipédia, Facebook e Google, além de um grande estardalhaço da imprensa. Logo depois o Pipa (Protect IP Act) também caiu, e Azevedo disse que viu reações de pessoas comemorando o fato como se fosse uma grande vitória. “Podemos ter ganho uma batalha, mas não a guerra, pois a Pipa e o Sopa não estão mortos. As pessoas que tem poder, vão sempre lutar para manter o seu poder. E você acha que uma indústria multimilionária vai abrir mão dos seus ganhos só porque você quer compartilhar?” disse Azevedo.
Citando o caso das fotos de Carolina Dieckmann, Azevedo lembra que “depois que uma coisa caiu na internet, é como urinar na piscina: não tem como tirar mais, pelo contrário, quanto mais escândalo você fizer, mais vai chamar a atenção. O vazamento das fotos poderia ter sido evitado com uma simples criptografia do disco rígido.”
Azevedo disse que o problema é que o Marco Civil da Internet está para ser votado há muito tempo, mas depois do caso da atriz, uma lei muito abrangente e vaga foi aprovada às pressas. “O problema é exatamente a lei, que não é ruim. É péssima, pois é muito ampla, deixa tudo muito aberto, e assim pode ser julgada de forma arbitrária. Uma pessoa que faça testes de segurança em uma rede como eu pode ser julgada culpada apesar da intenção de ajudar a empresa.”
“Depender da interpretação de um juiz é algo complicado, pois ele não entende nada de tecnologia” completou Azevedo. O cerco a privacidade na Internet não é exclusividade do Brasil e dos Estados Unidos, e também podemos citar a Lei Sinde da Espanha e a Lei Hadopi da França. “Quando é do interesse dos políticos, eles aprovam. Se fazemos um escândalo, eles engavetam”, diz Azevedo.
Mais cedo ou mais tarde, a PIPA vai subir, ou então alguma lei semelhante"
Alberto Azevedo
Quando a Sopa caiu no congresso dos Estados Unidos, o representante da RIAA (órgão de direitos autorais) ameaçou os políticos de reduzir a verba para contribuições de campanha. Sem dinheiro, estes políticos não conseguem se eleger, então a tática é aprovar alguma lei em tempo recorde. Para Azevedo, “mais cedo ou mais tarde, a Pipa vai subir, ou então alguma lei semelhante.”
Ele dá algumas dicas para proteger a sua privacidade, usando os três “Ps” já citados nesta matéria. O primeiro deles é “proteja-se”, e uma opção é usar uma VPN como o BTGuard, ou então instalar uma extensão nos navegadores para criptografar toda a sua conexão.
O programa TrueCript é considerado essencial por Azevedo: “A criptografia é a única defesa que todos nós, cidadãos de bem. Proteger sua privacidade não é algo de bandido. Ninguém precisa saber nada sobre o que é seu e, na dúvida, criptografe tudo.”
O segundo “P” é o do protesto: “Caso uma nova lei seja aprovada, ou mesmo antes de isto acontecer, proteste. Se junte a uma das organizações que realizam atos organizados como o Demand Progress e o Avaaz.org, além do The Internet Defense League, que tem um sistema interessante, eles te enviam um código que você cola no seu site, e que fica oculto, ou seja, só aparece quando acontece alguma coisa que ameace a liberdade ou a privacidade dos usuários. Quando os códigos sao ativados, a internet se veste com aquele protesto”.
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Alberto J. Azevedo falando sobre o PIPA (Foto: Nick Ellis)
O importante para Azevedo é “usar o poder da Internet, mas não deixar o protesto apenas online”. A diferença entre a reclamação feita nas redes sociais e as que são feitas pelas organizações citadas acima é que eles descobrem telefones e emails de políticos para enviar os abaixo assinados e o protesto.
“A melhor forma de prevenção para manter a sua privacidade online é a urna. Quantas pessoas lembram de qual é último candidato que elegeu, um vereador ou deputado?”, pergunta Azevedo. “É importante pesquisar o passado dos seus candidatos”, completa.
Para ele, uma nova esperança está surgindo no horizonte. “O Partido Pirata pode representar uma luz no fim do túnel, pois com ele vamos poder eleger alguém que entenda de internet, e que não ache que compartilhar é crime. Se vai dar certo eu não sei, mas a iniciativa é interessante”, conta Azevedo.